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Webinar de Fé e Alegria promove imersão e reflexões sobre educação antirracista

Clique na imagem para assistir ao webinar no YouTube de Fé e Alegria Brasil

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Realizado na última quinta-feira (24), o webinar Educação Antirracista: infâncias, literatura e letramento racial proporcionou um rico momento de diálogos e descobertas. Promovido pela Fundação Fé e Alegria do Brasil, em parceria com a Fundação SM, o evento on-line trouxe convidados para discutir a importância da educação antirracista no mundo atual, e, de maneira especial, seu reflexo sobre as crianças.

 

Afinal: o que é educação antirracista e por que ela é importante?

 

A primeira convidada foi Alcielle dos Santos, doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e diretora de Educação do Instituto Iungo, que se debruçou sobre o conceito e a importância da educação antirracista. Ela enfatizou que a educação antirracista deve abranger todas as dimensões do desenvolvimento humano – social, emocional e físico – dentro de uma estrutura que aborda desigualdades históricas e atuais. “É um projeto de educação para uma sociedade humanista, que respeita e valoriza, de verdade, todas as pessoas humanas, que não tolera discriminações e violências, e quem, portanto, precisa ser atravessada por processos educacionais mais completos”. 

 

Alcielle destacou ainda a necessidade de reconhecer e retificar os efeitos persistentes da colonização e da escravidão, defendendo políticas de reparação e práticas educacionais que reflitam com precisão a história e a diversidade do Brasil. A convidada enfatizou também a necessidade de amplificar as vozes negras e de reconhecer as contribuições de autores como Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo e Carolina Maria de Jesus.

 

Hora do Blec: “para crianças de zero a 120 anos”

 

Outra participação valiosa no webinar foi a de David Júnior e Yasmin Garcez, artistas, empreendedores sociais e fundadores do projeto infantil Hora do Blec, animação que promove o protagonismo negro e a educação antirracista para a infância. Impulsionados pelo desejo de criar conteúdo que representasse autenticamente crianças negras, eles criaram o projeto para promover a formação positiva da identidade e combater a falta de diversidade na programação infantil.

 

Davi compartilhou sua experiência pessoal de crescer sem se ver refletido nos desenhos animados, enfatizando a importância de fornecer às crianças imagens diversas e empoderadoras. “Eu acho que trocar com a sociedade sobre identidade preta é algo que nos falta, e falta muito. Então a gente tem esse compromisso de falar sobre identidade. E o Black surgiu daí. Eu costumo dizer que o black foi feito para crianças de zero a 120 anos, porque, como a gente nunca teve essa cultura, nunca teve esse esse conceito de identidade nos desenhos, na animação de maneira geral no Brasil”, relatou.

 

Yasmin falou sobre sua inspiração, que veio após visitar uma exposição fotográfica chamada Projeto Identidade, de Orlando Caldeira e Noemia Oliveira, que apresentava diversas representações de figuras icônicas feitas por pessoas negras. “Quando eu pensei em fazer um desenho com protagonismo negro, era para que as pessoas negras tivessem sua representatividade – as crianças, em especial – mas também para que as crianças não negras naturalizassem o protagonismo negro. Então, o Blec precisa ser visto por todo mundo, por todas as crianças”, ressaltou. 

 

“Ver crianças não negras também querendo ter o cabelo igual do Blec, querendo puxar um pente-garfo para ficar com cabelo igual dele, tendo um cabelo liso. Isso é ressignificar a história que foi contada pra gente por muitos e muitos anos”, complementou David. 

 

A educação antirracista em Fé e Alegria e o livro Entre Curvas e Nós, Um sonho de Neydjina e Davu

 

Na parte final do evento, as educadoras e coordenadoras pedagógicas dos Centros de Educação Infantil de Fé e Alegria em Cuiabá (MT), Daiene Cavalcanti e Ayla Rangel, falaram sobre o programa de educação antirracista da instituição e o lançamento do livro infantil Entre Curvas e Nós, Um sonho de Neydjina e Davu.

 

“A gente costuma dizer que é impossível fazer uma educação popular que não seja antirracista. Por isso, nossa proposta visa atravessar todos os aspectos educativos, todas as pessoas que estão envolvidas nesse processo educativo, que são as crianças, suas famílias, os educadores, e que seja feita de forma integral, que ultrapasse os muros educativos”, ressaltou Daiene. Elas explicaram como o programa se concentra em integrar o antirracismo em todos os aspectos de sua abordagem educacional, desde os materiais que usam até a forma como cuidam do cabelo das crianças.

 

Como parte desse trabalho, as educadoras se uniram para escrever um livro infantil, chamado Entre Curvas e Nós, Um sonho de Neydjina e Davu. Segundo Ayla, o livro é uma construção sensível sobre a prática nos CEIs de Fé e Alegria. “Ele representa um cenário recorrente aqui nos nossos centros, que são os territórios de aprendizagem, espaços criados para que as crianças, de forma autônoma, vivenciem, explorem e façam o que elas fazem de melhor, que é ser criança e cientista. Então, o livro retrata esse território de aprendizagem, que é um território de penteados, e também o nosso olhar e a nossa atenção para esses diferentes cabelos, com suas diferentes especificidades.”

 

Para garantir acesso a um público amplo e de forma democrática, o livro será distribuído gratuitamente, nos centros de Fé e Alegria presentes em 14 estados brasileiros. Em Cuiabá, a distribuição ocorrerá também por meio da Secretaria Municipal de Educação, parceira local da Fundação, chegando a outros centros educativos, bibliotecas públicas e demais parceiros.

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