Siga-nos:

II Fórum de Gestão de Fé e Alegria: identidade, ecologia integral e juventudes

Nos dias 06 e 07 de maio, a Fundação Fé e Alegria do Brasil realizou o seu II Fórum de Gestão. Com o tema “Novas fronteiras para a missão educativa transformadora” e inspirado pelo aniversário de 70 anos do movimento no mundo, o evento reuniu gestores, educadores e demais colaboradores de Fé e Alegria Brasil em quatro rodas de conversa on-line, com convidados especiais, para falar sobre gestão, missão e identidade.

 

Gestão e identidade inaciana

 

O primeiro convidado foi o Pe. Pe. Mário Sündermann, SJ, administrador da Província dos Jesuítas do Brasil, que falou sobre “Gestão e identidade: princípios inacianos que sustentam a missão”, trazendo reflexões sobre gestão e identidade inaciana. Padre Mario ressaltou a importância da formação contínua para gestores, que deve incluir aspectos técnicos, emocionais e espirituais. 

 

O jesuíta enfatizou a relevância da gestão colaborativa e em rede, destacando que a liderança eficaz é aquela que promove a participação ativa de todos os membros da comunidade educativa. “A gestão que se inspira na educação popular reconhece a potência dos territórios e valoriza o protagonismo da juventude”, ressaltou. 

 

Pe. Mario também abordou a importância do cuidado com o clima institucional, afirmando que um ambiente de trabalho positivo, colaborativo e inclusivo é essencial para o sucesso das instituições educativas. Ele destacou que a inteligência emocional é crucial para criar um ambiente de trabalho produtivo e saudável. “É necessário buscar gestores emocionalmente equilibrados, espiritualmente maduros, culturalmente bem formados e dispostos a articular os colaboradores,” disse ele.

 

Pessoas antes de processos

 

O segundo palestrante do primeiro dia do evento foi Rafael Finatti, especialista em ESG do Grupo Marista. Ele iniciou sua fala explicando que a gestão ágil não diz respeito apenas à rapidez, mas à adaptação e à eficiência: “Ser ágil não significa ser rápido, mas ter a habilidade de criar e se adaptar às mudanças.”

 

Ele enfatizou que a gestão ágil deve focar em indivíduos e interações mais do que em processos e ferramentas, e que é essencial fortalecer as relações entre as pessoas. “Não adianta ter os melhores processos e ferramentas se as interações entre as pessoas estiverem fragilizadas,” afirmou.

 

Ao final, Finatti reforçou a importância de uma gestão democrática e colaborativa, na qual todos os colaboradores participam do processo de definição de prioridades e objetivos. “A gestão compartilhada democrática é aquela que também oferece essa perspectiva de que as pessoas desenvolvam autonomia para eleger aquilo que elas entendem como prioridade,” concluiu.

 

Ecologia integral e economia

 

Durante o segundo dia do Fórum, o Frei Sinivaldo Silva Tavares, frade franciscano e doutor em Teologia, trouxe uma análise contundente sobre os vínculos entre ecologia integral, economia e justiça social. Em sua fala, ele destacou que, conforme explica Papa Francisco, a crise ambiental não pode ser dissociada da crise social e econômica: “Na raiz da crise ambiental se encontra uma crise social, uma crise econômica. A ecologia não é um discurso meramente verde, ela é uma trama que embala e pode enroscar todos nós na nossa vida cotidiana.”

 

Frei Sinivaldo criticou o distanciamento entre ecologia e economia, lembrando que ambas compartilham a mesma origem etimológica e deveriam caminhar juntas. Ele alertou para os perigos do capitalismo financeiro, que considera improdutivo e concentrador de renda: “Hoje, quem tem dinheiro e consegue aplicá-lo se enriquece sempre mais. E quem só tem a força de trabalho vive explorado e na miséria.”

 

Ele também chamou atenção para os riscos da chamada transição ecológica, que pode aprofundar desigualdades ao explorar recursos naturais em regiões pobres, como o Vale do Jequitinhonha e o sul da Bolívia. “O risco é que aquelas relações de exploração do período colonial se repitam, agora com a desculpa da sustentabilidade,” afirmou, defendendo que a verdadeira mudança exige uma conversão pessoal, comunitária e institucional.

 

Juventudes e futuros possíveis

 

Encerrando o evento, a socióloga e educadora Vanessa Correia trouxe uma análise sobre as juventudes brasileiras, suas realidades e os futuros possíveis. Em sua fala, ela destacou a importância de compreender os jovens a partir de suas experiências concretas, e não de estereótipos. “A juventude não é algo que se pode analisar de forma abstrata. Na realidade, a juventude não existe. Existem jovens com suas vidas concretas”, afirmou, citando o Papa Francisco.

 

Vanessa abordou os desafios enfrentados pelas juventudes, como o desemprego, a informalidade, a evasão escolar e a violência, especialmente entre jovens negros e periféricos. Ela alertou para os riscos de discursos meritocráticos que culpabilizam os jovens por suas dificuldades: “A gente precisa proteger os jovens desse discurso da hiperindividualização. Eles precisam saber que não depende só deles.” Para ela, é essencial que instituições como Fé e Alegria promovam o acesso a políticas públicas e fortaleçam a capacidade dos jovens de buscar um futuro melhor.

 

A educadora também destacou a importância de escutar os jovens e envolvê-los na construção de soluções. “Acompanhar os jovens na criação de um futuro cheio de esperança significa que eles terão palavra na criação desse futuro. Eles não vão apenas habitar um futuro que nós criamos.” Vanessa também reforçou que não há futuro sem juventude. “Deixar os jovens para trás é deixar o futuro de todos para trás.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

©2025 Todos los derechos reservados
PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com