Fé e Alegria nasceu como um movimento de educação popular e promoção social. Essa é a nossa raiz, a nossa identidade e a nossa força. Desde o início, escolhemos caminhar ao lado das populações mais vulnerabilizadas, acreditando que a educação é um direito, um ato de esperança e um instrumento de transformação social.
Foi com essa inspiração que Pe. José María Vélaz, SJ, em 1955, iniciou o movimento de Fé e Alegria, ao lado do povo e a partir de sua realidade. Seu sonho era simples e profundo: que toda pessoa tivesse acesso a uma educação capaz de libertar e de transformar vidas. Esse sonho cruzou fronteiras e chegou ao Brasil em 1981. Hoje, caminhamos para celebrar com gratidão os 45 anos da nossa história no país, marcada pelo compromisso de educar com fé, alegria e justiça social.
Por isso, afirmamos com orgulho: todos e todas que fazem parte do movimento de Fé e Alegria são educadores populares. Afirmar que “somos todos educadores populares” é mais que um lema: é um modo de ser e de agir em qualquer função dentro de Fé e Alegria. Ou seja, não depende do cargo que ocupamos, mas da função que exercemos ao lado das pessoas que atendemos e acompanhamos.
Ser educador popular é ser mediador de saberes, é aprender com o outro, é olhar para as realidades dos territórios e reconhecer nelas as potências que precisam ser valorizadas. É oferecer cuidado, é criar espaços de participação e convivência, é acreditar na autonomia de cada sujeito.
Na nossa prática cotidiana, isso se concretiza de muitas formas. Quando acolhemos crianças e adolescentes, fazemos muito mais do que atividades: oferecemos um espaço de encontro, escuta, cuidado e construção coletiva. Quando apoiamos em sua formação, não nos limitamos a prepará-los para uma ocupação, mas estimulamos o olhar crítico e a consciência social. Quando dialogamos com famílias, não apenas orientamos, mas reconhecemos e valorizamos suas histórias, construindo, juntos e juntas, caminhos de fortalecimento.
Os professores são educadores populares porque mediam o conhecimento com diálogo, considerando a vida e os saberes de cada estudante. Os gestores também são educadores populares, pois sua função não é apenas administrativa, mas de garantir que a missão aconteça, cuidando de processos e de pessoas para que a prática educativa seja sempre transformadora. Cada colaborador e colaboradora, seja no atendimento, na administração, nos serviços gerais ou na coordenação, é educador e educadora popular, porque educar, para nós, é muito mais do que ensinar: é viver a missão de promover justiça social e cidadania.
Neste mês de setembro, ao celebrar a vida e o legado de Paulo Freire, celebramos também, com alegria e gratidão, o fato de sermos parte deste movimento. E lembramos que, em cada gesto cotidiano, reafirmamos nossa identidade e nosso compromisso. Nunca podemos esquecer que nossa missão é estar ao lado dos que mais precisam, acreditando que a educação é sempre um ato de esperança.
Carregamos, portanto, um título que nos enche de orgulho: somos educadores populares. Esse é o legado que recebemos de padre Vélaz e que continuamos a viver nestes 45 anos de história no Brasil.
E como nos inspira Paulo Freire: “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão.”
Pe. Alexandre Raimundo de Souza, SJ, diretor-presidente
Fernanda Ariele da Silva, coordenadora pedagógica nacional
Catarina de Santana Silva, coordenadora executiva – Recife (PE)
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